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A mostrar mensagens de 2011

Como ganhar uma depressão em 30 linhas

Este artigo é altamente desaconselhado a todas as pessoas que se considerem felizes e pensem estar longe da sua primeira depressão. O risco de sucesso desta lição de vida, é praticamente garantido. "Como ganhar uma depressão em 30 linhas!" faz parte duma nova forma de apresentar uma workshop decadente, com humor fácil e consequências sérias. Se não quer passar os próximos meses em consultas de apoio psicológico e sessões de psicoterapia, então lembre-se que eu avisei e que este curso não é para si!

MEO 12, MEO culpa, MEO máxima fraude!

Secret Story2 , é outra Casa dos Segredos , a novela viva da TVI. Mas é também uma forma de vida para mim que sou um apaixonado pelo foro psicológico existente em qualquer Reality Show . Analisar a situação, a pressão emocional e o stress dos concorrentes, é dos melhores pratos que me podem servir para alimentar o meu ego. Vivo a psicose de cada um, a cada momento, como se pudesse sentir o seu estado de cobaia in vitro . Recordo filmes como "A Cela", "O Cubo", "A Casa de Vidro", ou histórias como "Alice do Outro Lado do Espelho", "A Náusea", ou "Voando sobre um Ninho de Cucos". A velha frase feita que aponta a realidade como sendo pior que a ficção, está sempre presente na galeria de imagens que recolho da televisão, no Canal 12 do MEO. Vivo os meus dias de olhos postos no ecrã e sinto crescer, a cada mudança de cena, uma profunda revolta. Não são os ocupantes da casa que me perturbam, mas antes a gi

A vida que não chegarei a ter!

- Posso?   - Não sei. Porque perguntas?   - Talvez não queiras ser interrompido...   - Não quero, mas posso abrir outra sessão para ti.   - Tens tarefas abertas? Ainda consegues processamento e memória para te ligares a mim?   - Estou com vários processos abertos e pouca memória livre, mas já estabeleci ligação contigo e temos largura de banda suficiente. Podes configurar um tempo partilhado de 128 ms.   - Excelente. Com esse time sharing vai ser possível vermos umas imagens da antiga Terra que tenho mantido guardadas na minha memória privada.  

Quatro Sentidos e um Envelope

Em nome da Madalena A sala estava repleta de gente, cada um com pior cara que o outro e continuavam a chegar. Há horas com muito menos pessoas, mas esta é uma altura muito má. São seis horas da tarde e quem tinha marcações, foi chegando ao longo da tarde. Quem não tem, aproveita o final do dia, depois do trabalho para tentar ser atendido. No total, estão previstas umas vinte pessoas, pois esse é o número de cadeiras disponíveis. Há sempre a mulher que traz o marido, e o filho que vem com os pais. Se houver mais de dez pessoas para serem atendidas, o mais certo é faltarem cadeiras.

Manifesto da Nova Humanidade

Durante muitos anos, o meu verdadeiro nome Paulo Monteiro, viveu escondido no Underground do Cyberworld , sob "aliases" famosos como The Watcher, The Black Bonsai , Spider , BlackBird , ou Angel Of The Dark . Mas eu nunca fui reconhecido, verdadeiramente, como um Anjo Negro, um Lúcifer, ou Filho de Lilith; nunca fui sequer, um Anjo caído e expulso dos céus. Fallen Angel foi nome que nunca usei, embora assim me tenha sentido durante quase toda a minha vida. Vejo o mundo como uma pirâmide e não como uma esfera; vejo o Homem como aresta e não como vértice, pois nas extremidades geométricas de tamanha força cósmica, estão as forças que nos movem, aquelas a que muitos chamam Deus. O problema, clássico na história do pensamento, é sempre o mesmo, quando verificamos que (c*c) = (b*b)+(a*a) é uma mentira pitagórica convertida numa verdade matemática e ilusória. E se em fórmulas e mandamentos se tem construído o Mundo que temos hoje, urge pensar, pensar p

PHARMAKA

Uma mão forte e de veias salientes agarrou o corrimão da entrada, na estação de metropolitano em Long Beach. Num gesto brusco e impetuoso, o braço ao qual a mão pertencia, ajudou o resto do corpo a saltá-lo de uma só vez, num arco amplo e rápido, projectando o tronco e as pernas para o outro lado da passadeira. Era como se de um atleta de alta competição se tratasse; como se o corpo pesasse apenas vinte ou trinta quilos, ou aquele braço tivesse a força de uma dezena de homens bem constituídos. No mínimo, o jovem que transpunha daquela forma menos comum, a barreira que separava a área de rua, e final de escadaria, do verdadeiro átrio da estação, era um “corredor de rua”, um FreeRunner; praticante de um desses novos hábitos radicais, a que chamam desportos, e que invadem a cidade de jovens que saltam e pulam como coelhos e cabras, pulando sobre tudo e todos, não parando na presença de um abismo, nem de um muro com muitos metros de altura.

Tenho um Andróide em casa!

Já tive cobras em casa, tartarugas e lagartos. Também já me aconteceu viver acompanhado por mais de sessenta espécies animais, dos quais alguns eram até proibidos no nosso País. Mas, daí a ter que preocupar-me com o desempenho e o estado físico duma nova forma de vida, confesso que não estava nos meus planos, nem em sonhos mais recônditos. Tudo começou quando a minha editora em Inglaterra, quis pagar-me cem libras pelos direitos de autor das últimas vendas.

Petauros do Açúcar - Vieram para encantar

Os últimos dez anos da minha vida tiveram uma componente ligada à Natureza e à Biodiversidade que muito poucas pessoas conhecem, pelo menos quando penso nos meus amigos, no pessoal do Barreiro e em antigos colegas de trabalho. Foi uma vida paralela que consegui manter enquanto era Director Técnico na área de Informática em Lisboa. No meio destes estudos, levados ao extremo com a criação de " O Ninho - Centro de Estudos e Investigação de Mamíferos Exóticos ", " O Mundo dos Petauros " e " ArcaZoo - Loja da Natureza ", surgiu a investigação exaustiva de algumas espécies animais e vegetais. Graças a essa actividade que me preenchia a casa com dezenas de espécies e centenas de animais, houve uma meia dúzia de seres vivos que mereceram a minha especial atenção. Não foi apenas a minha, porque a Ana Braz, minha companheira, esteve sempre presente com o mesmo entusiasmo, chegando a tirar Cursos de Veterinária, especialmente

Altar de Luxo

Se existem sítios onde nunca antes pensara entrar, a casa mortuária onde me encontro agora é um deles. Não entraria aqui por mais ninguém que não fosse ele. Mesmo assim, os meus frágeis nervos de mulher, feminina, de boa fé, sentem-se abalados pelo mórbido ambiente que me envolve. Não sou a única personagem viva deste quadro, mas não vejo em mais ninguém a expressão de alegria e felicidade que deve transbordar dos meus olhos como a luminosidade da água. Num olhar vago, apercebo-me da familiaridade dos rostos secos e inexpressivos que me acompanham. Todos eles, de uma forma ou de outra, estão ligados ao meu passado; recordo-os por breves instantes, nos seus melhores dias, nas suas melhores fases. É-me facilitada, assim, a tentativa de lhes perdoar a acusação de insensível que a sua própria insensibilidade me dirige. Deixo que os meus olhos prefiram, ao invés dos olhares das velhas que me observam dos tornozelos aos ganchos que uso no cabelo, as pálidas e trementes luzes de du

TORAT - Em busca de Lucifer

Muitos anos se passaram desde que tive uma primeira experiência como esta que aqui vos venho narrar. O mundo à minha volta é frio e escuro, feito de pedra e coberto duma neblina constante. Tenho dificuldade em ver na penumbra e nem sequer tenho a certeza de ser noite. As nuvens no céu são só mais uma sombra que me envolve, e o bater de asas dos morcegos repercute-se, misturando-se com o resfolhar da matéria no chão que piso. O ar, escasso e frio, tresanda a peste e a morte. Sinto-me como se caminhasse sobre um jazigo enorme, ouvindo de vez em quando, sons guturais de dor e sofrimento. São os ruídos dos seres que me rodeiam, invisíveis mas sempre presentes, como se perseguissem cada passo que dou.
 Olho em redor, na esperança de encontrar algo que possa ser útil no meu caminho, na busca que agora se inicia até ao sucesso final, ou à morte mais inesperada.
 Estou só! Definitivamente só, no meu caminho. Sinto um frio na coluna que não vem da noite nem das nuvens;

O Vingador de Monsanto

Em Monsanto, esconde-se a granítica tradição do Castro Lusitano, da superstição do ambiente peculiar, dos hábitos e tradições, dos celtas, dos antigos, e da verdadeira força da pedra. A poucos quilómetros da fronteira espanhola, e um pouco à direita da estrada que liga Castelo Branco a Penamacor, espreita aquela que, dizem ser, a terra mais portuguesa de Portugal. Monsanto, consta dos roteiros turísticos como uma das dez aldeias históricas do país e foi essa a principal razão que nos levou a visitá-la. Desconhecedores das paisagens serranas, mas com alguns dias livres para viajar, decidimos que Monsanto seria uma paragem obrigatória nas nossas férias. Situada a uns bons trezentos quilómetros da capital, esta terra levou-nos a uma longa viagem matinal pelas estradas da Beira, na direcção da Serra de Penha Garcia no concelho de Idanha-a-Nova. E foi junto ao Castelo de Monsanto que conhecemos um homem chamado Santiago. É um indivíduo como tantos outros do Norte; fala portuguê

Um caranguejo de cristal na falésia

Andava por ali sem sequer saber que caminho seguia. Era o despistado da noite escura, deambulando pela estrada do sul. Uma ideia viva na sua cabeça: sair de casa para a rua e chegar ao sul, era para ele uma vital necessidade. Anda, enquanto tenta não se perder no esgotamento, vendo no fim dos buracos enfileirados da estrada, uns olhos muito secos que, a sul dos seus, o sufocam na beira do abismo. De forma alguma pensa perdê-los; caminha para o corpo que se vira de costas, ao aproximar dos seus passos. Perto dele, estica-lhe os braços como a querer tocar-lhe nos ombros.

Amor do Reino Unido

No calor da noite, ela olha para mim com os seus olhos redondos e meigos, ligeiramente encobertos pelo louro acinzentado dos seus cabelos, como se sorrisse para mim, como se pudesse sentir a mesma dor. Em silêncio, como se as palavras não fizessem qualquer diferença, encosta a cabeça no meu peito e o bater do coração ecoa para ela, ritmos de dor e paixão. Abraço-a carinhosamente e sinto-a vibrar de felicidade por estar comigo, de novo, depois da quase morte nos ter retirado a presença assídua e conjunta. Sinto que o meu amor por ela nos aproxima mais e mais a cada dia que passa e beijo-a repetidamente. Deixo-me envolver pelos seus beijos, sentindo a sua língua na minha boca, frenética e fogosa como o amor que nos une há vários anos. Se é verdade que nas noites frias ela procura o calor do meu corpo na cama, também nos Verões mais quentes parece só estar bem perto de mim, deitada no meu colo, olhando-me nos olhos com lágrimas de vento, voando pelos jardins da e