Andava por ali sem sequer saber que caminho seguia. Era o despistado da noite escura, deambulando pela estrada do sul. Uma ideia viva na sua cabeça: sair de casa para a rua e chegar ao sul, era para ele uma vital necessidade.
Anda, enquanto tenta não se perder no esgotamento, vendo no fim dos buracos enfileirados da estrada, uns olhos muito secos que, a sul dos seus, o sufocam na beira do abismo. De forma alguma pensa perdê-los; caminha para o corpo que se vira de costas, ao aproximar dos seus passos. Perto dele, estica-lhe os braços como a querer tocar-lhe nos ombros.
Foge-lhe das mãos, o corpo que voa pelo espaço. Na sua surpresa, acompanha de olhos fixos o suicídio daquela desconhecida. Estivera quase a tocar-lhe, mas agora observa uma viagem feita pelo espaço inalterável, feita com toda a consciência.
Um belo e longo corpo desliza no ar silenciosamente, sem um ai, sem uma palavra. Exclamações, interrogações, nada falta no oásis cerebral dum souk chamado João. Corpo que gira, roupas que ondulam pela força da deslocação, tudo se desmaterializa num só gesto. As pedras da falésia, até parecem gritar com o vento, o acolher daquele corpo leve. Toca os dedos no rosto, à dúvida de estar consciente, mas a resposta é segura: sem saber porquê, uma jovem e linda mulher de cerca de vinte anos, suicidara-se no espaço mesmo na sua frente. E aquele mesmo corpo, estivera segundos antes, a dois dedos das suas mãos.
Anda, enquanto tenta não se perder no esgotamento, vendo no fim dos buracos enfileirados da estrada, uns olhos muito secos que, a sul dos seus, o sufocam na beira do abismo. De forma alguma pensa perdê-los; caminha para o corpo que se vira de costas, ao aproximar dos seus passos. Perto dele, estica-lhe os braços como a querer tocar-lhe nos ombros.
Foge-lhe das mãos, o corpo que voa pelo espaço. Na sua surpresa, acompanha de olhos fixos o suicídio daquela desconhecida. Estivera quase a tocar-lhe, mas agora observa uma viagem feita pelo espaço inalterável, feita com toda a consciência.
Um belo e longo corpo desliza no ar silenciosamente, sem um ai, sem uma palavra. Exclamações, interrogações, nada falta no oásis cerebral dum souk chamado João. Corpo que gira, roupas que ondulam pela força da deslocação, tudo se desmaterializa num só gesto. As pedras da falésia, até parecem gritar com o vento, o acolher daquele corpo leve. Toca os dedos no rosto, à dúvida de estar consciente, mas a resposta é segura: sem saber porquê, uma jovem e linda mulher de cerca de vinte anos, suicidara-se no espaço mesmo na sua frente. E aquele mesmo corpo, estivera segundos antes, a dois dedos das suas mãos.
(Perdera o calor de uma mulher, no pestanejar frio do vento)
(Capa do meu primeiro livro - 1987)
Introdução
Não estamos perante mais uma obra fictícia nem, tão pouco, mais uma história verdadeira, ou baseada em factos reais. As Tripas de João é, isso sim, um relato clínico, subjectivo e, quantas vezes, surrealista de um caso patológico-social; uma análise da luta entre o ser humano e os seus conceitos e preconceitos. Um caso, quase real, estudado pelo autor e girando em torno de um personagem vivo. João Manuel da Costa é um nome; apenas um nome, mas quantos jovens do nosso país se poderão identificar com ele? Quantos de nós, jovens ou não, conseguimos coexistir numa sociedade complexa?
De notar e referir que este trabalho relata acontecimentos que têm início em 1987, ainda no século XX, na sociedade portuguesa, no tempo em que ainda só havia o Escudo em circulação e a Internet ainda não era uma realidade comum.
Este livro pretende, acima de tudo, servir de exemplo a todos aqueles que alguma vez tiveram necessidade de vencer na vida; se este exemplo é apresentado directa ou indirectamente, poderá o leitor apreciar, num discurso diferente, onde a realidade se mistura com o fantástico e o sonho, a outra verdade.
De notar e referir que este trabalho relata acontecimentos que têm início em 1987, ainda no século XX, na sociedade portuguesa, no tempo em que ainda só havia o Escudo em circulação e a Internet ainda não era uma realidade comum.
Este livro pretende, acima de tudo, servir de exemplo a todos aqueles que alguma vez tiveram necessidade de vencer na vida; se este exemplo é apresentado directa ou indirectamente, poderá o leitor apreciar, num discurso diferente, onde a realidade se mistura com o fantástico e o sonho, a outra verdade.
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