Muitos anos se passaram desde que tive uma primeira experiência como esta que aqui vos venho narrar.
O mundo à minha volta é frio e escuro, feito de pedra e coberto duma neblina constante. Tenho dificuldade em ver na penumbra e nem sequer tenho a certeza de ser noite. As nuvens no céu são só mais uma sombra que me envolve, e o bater de asas dos morcegos repercute-se, misturando-se com o resfolhar da matéria no chão que piso. O ar, escasso e frio, tresanda a peste e a morte.
Sinto-me como se caminhasse sobre um jazigo enorme, ouvindo de vez em quando, sons guturais de dor e sofrimento. São os ruídos dos seres que me rodeiam, invisíveis mas sempre presentes, como se perseguissem cada passo que dou.
O mundo à minha volta é frio e escuro, feito de pedra e coberto duma neblina constante. Tenho dificuldade em ver na penumbra e nem sequer tenho a certeza de ser noite. As nuvens no céu são só mais uma sombra que me envolve, e o bater de asas dos morcegos repercute-se, misturando-se com o resfolhar da matéria no chão que piso. O ar, escasso e frio, tresanda a peste e a morte.
Sinto-me como se caminhasse sobre um jazigo enorme, ouvindo de vez em quando, sons guturais de dor e sofrimento. São os ruídos dos seres que me rodeiam, invisíveis mas sempre presentes, como se perseguissem cada passo que dou.
Olho em redor, na esperança de encontrar algo que possa ser útil no meu caminho, na busca que agora se inicia até ao sucesso final, ou à morte mais inesperada.
Estou só! Definitivamente só, no meu caminho. Sinto um frio na coluna que não vem da noite nem das nuvens; é um frio de medo, um terror que me paralisa encostado às pedras do muro ao meu lado, infinito, perdido num horizonte inatingível como se não acabasse nunca.
Já passei por isto antes e sei que tenho uma missão a cumprir, um alvo a abater e esse destino é Lúcifer!
Para quem lê o meu relato, a história que aqui conto é demasiado surreal e fantástica, parecendo retirada de um conto de Tolkien. Contudo, o mundo onde estou agora é tão real como qualquer outro, mesmo que nem todas as pessoas consigam vê-lo, ou sentir o mesmo que eu.
Ao longo do caminho estreito e escuro, consigo ver uma espécie de arco, uma portada ou passagem para nenhures. É uma arcada de pedras antigas e cheias de musgo entre si. Mal posso diferenciar umas lajes das outras, mas o verdete acumulado brilha e apela-me à atenção.
Mas onde está a pista que me guia? Como posso encontrar Lúcifer se nem sequer sei que caminho seguir? Deverei atravessar os arcos, ou caminhar para o rio que vejo na direcção oposta?
Os dados estão lançados e decido confiar na sorte. Sigo para Norte e aproveito para tactear o chão que piso. Uma pequena pedra de toque suave e muito leve chegou para fazer-me parar e observá-la. Nada de novo; é simplesmente um pedaço de vidro trabalhado, usado como base de uma qualquer pregadeira. Decido largar os restos de joalharia barata no mesmo sítio e, afinal, a mensagem que procurava estava encoberta pela pedra de vidro pintado. Como conseguira eu apanhar uma coisa sem ver a outra?
Os dados estão lançados e decido confiar na sorte. Sigo para Norte e aproveito para tactear o chão que piso. Uma pequena pedra de toque suave e muito leve chegou para fazer-me parar e observá-la. Nada de novo; é simplesmente um pedaço de vidro trabalhado, usado como base de uma qualquer pregadeira. Decido largar os restos de joalharia barata no mesmo sítio e, afinal, a mensagem que procurava estava encoberta pela pedra de vidro pintado. Como conseguira eu apanhar uma coisa sem ver a outra?
No chão, gravado na terra amolecida pela ligeira precipitação que se sentia, lia-se nitidamente "Consultar O Pendurado". Esta é, então, a minha primeira missão a cumprir se quiser encontrar Lúcifer e sair daqui vivo.
Atravesso o portal sinistro e verdejado, mas não foi o demoníaco Anjo Caído a que chamam de Lúcifer quem apareceu armado e grunhindo na zona mais iluminada à minha frente. As intenções dele eram evidentes, como podia concluir pela forma bruta e desgovernada com que brandia um gigantesco machado, primitivo e cheio de sangue. Ameaçava-o na minha direcção!
Se fosse católico, teria perguntado a Deus o que fazer! Atacar, ou fugir? Tentar negociar, ou falar com ele?
- Essa decisão é tua! - dizia alguém sentado à mesa, no lugar à minha esquerda - Mas despacha-te que nós também queremos jogar!
Assim é, meus amigos, mais uma vida que mantenho desde 1974: Dungeons And Dragons, o primeiro jogo de aventuras e personagens que a TSR criou na década de setenta. Desde então que crio peças de jogo, regras, cartas, dados e bonecos a que chamamos de figurinos e maquetas.
É um mundo paralelo onde encarnamos um personagem à nossa escolha e o levamos, passo a passo, numa complexa aventura, num ambiente medieval fantástico, cheio de monstros, tesouros, enigmas e desafios a ultrapassar para chegarmos ao fim de cada cenário.
Poderia assim dizer que há muitos anos vivo com uma parte de mim, num mundo fantástico. Quando não estou a jogar, estou a criar, ou a produzir pedaços desse mundo maravilhoso e cheio de enredos complexos. Assim vivo eu, no centro de tantas vidas, num infinitamente concentrado destino!
A vida é feita de jogos e aventuras...
A realidade, é apenas um conjunto de regras que nos condicionam os movimentos e baralham as decisões!
(Peças em construção para o jogo TORAT)

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